Instituto Milton H. Erickson da Costa Central da Califórnia
A NOVA NEUROCIÊNCIA DA PSICOTERAPIA, HIPNOSE TERAPÊUTICA & REABILITAÇÃO: UM DIÁLOGO CRIATIVO COM NOSSOS GENES
Ernest Lawrence Rossi, Ph.D. & Khatryn Lane Rossi, Ph.D.
Milton H. Erickson, foi descrito como “um dos psicoterapeutas mais influentes de todos os tempos” em um recente levantamento feito pelo The Psychotherapy Networker (Março 2006). Em psicoterapia, Milton H. Erickson está colocado entre os 10 terapeutas mais importantes ao lado de Sigmund Freud, Carl Jung e outros. Apresentamos aqui uma breve descrição de Erikson, escrita uma geração após a sua morte.
“Apesar de tudo o que se tem escrito sobre Milton Erickson e dos esforços diligentes de tantos para entenderem o que ele fez em terapia e porque funcionou tão extraordinariamente bem, um ar de mistério rodeia o seu trabalho até agora. Pouco depois da morte de Erickson, Jay Haley, um discípulo seu durante 20 anos, disse: “Não passa um só dia, sem que utilize em meu trabalho algo que tenha aprendido com Erickson. Até hoje só compreendo em parte as idéias básicas dele”. A imagem de Erickson que emerge no campo é a de um mago da terapia, possuidor de um poder pessoal irresistível.
“Ele não era o tipo de pessoa com a qual você pudesse simplesmente sentar-se para conversar”, recorda Jeffrey Zeig. “Ele estava sistematicamente trabalhando, sistematicamente sendo Milton Erickson, o que supunha ter-se a experiência mais profunda possível, com qualquer pessoa que estivesse sentada a sua frente. Neste sentido, ele era continuamente hipnótico, continuamente terapêutico, continuamente didático”.
Talvez isto se deva ao seu estado físico que exigia de Erickson um foco completo de todas as suas faculdades. Disléxico, surdo para os tons, daltônico, propenso a vertigens e desorientação, atacado pela pólio aos 17anos e novamente aos 51, passou os últimos 13 anos de sua vida (período em que muitos dos seus estudantes mais famosos o conheceram), confinado em uma cadeira de rodas.
Enquanto ele tentava modelar a flexibilidade e os métodos verbais sutis que havia passado uma vida inteira desenvolvendo, isso era feito com os lábios parcialmente paralisados e a língua deslocada.
Ainda mais, como disse Haley, “o homem trabalhava 10 horas pordia, seis ou sete dias por semana, conduzindo terapia... Cada fim de semana, ou estava vendo seus pacientes, ou na estrada ensinando”. Zeig acrescenta: “O mais impressionante em Erickson era o tempo e a energia que ele parecia emanar. Uma vez que aceitasse alguém como paciente ele faria literalmente qualquer coisa que pudesse para ajudar essa pessoa. Se fosses um cliente de Erickson sentirias que ele estava totalmente focalizado em ti”.
Erickson passou meio século desenvolvendo uma teoria enormemente sutil de padrões de reconhecimento em múltiplos níveis que esteve quase que totalmente em desacordo com a terapia das principais correntes de seu tempo. “As enfermidades”, dizia Erickson, “tanto se são psicogênicas quanto orgânicas, seguem padrões definidos de alguma espécie, particularmente no campo das desordens psicogênicas. Um rompimento desse padrão pode ser uma medida muito terapêutica, e frequentemente pouco importa quão pequena seja esta ruptura, se ela for introduzida suficientemente cedo”.
Ele descobriu que a maioria das “regras” da vida que determinam as limitações humanas eram crenças arbitrárias e não fatos. Seu estudo primoroso da hipnose o ensinou que os estados alterados da mente e o transe eram muito mais uma parte do funcionamento cotidiano. “Esta compreensão” escreveu Ernest Rossi, “formou os princípios subjacentes de seus estudos posteriores empsicopatologia, assim como, o desenvolvimento dos enfoques naturalista e de utilização em hipnose terapêutica”.
Tais insights foram fundamentais para a abordagem de Erickson, contudo ele não buscou uma teoria definitiva para deixá-la como um legado. “Erickson não tinha um método fixo”, apontou Haley. “Se um procedimento não funciona, ele tenta outros até que um o faça. Isto é o que ele enfatizava para os seus estudantes, aconselhando uma atitude elevada de receptividade não contaminada por idéias préconcebidas em relação a fórmulas”. Erickson fez esta colocação da seguinte maneira: “Eu não pretendo estruturar minha psicoterapia mais do que de um modo vago, geral. E nesse modo vago, geral, o paciente a estrutura... de acordo com as suas próprias necessidades... A primeira consideração ao tratar os pacientes é dar-se conta de que cada um deles é um indivíduo... Assim, não tente encaixá-los em seu conceito de como eles deveriam ser... Você pode tentar descobrir, o que o conceito do próprio paciente parece ser... Não é a quantidade de tempo. Não é a teoria da terapia. É como chegar à personalidade da pessoa dizendo a coisa certa no tempo certo”.
Mais palavras de sabedoria de Erickson: “Confie no seu inconsciente. É uma maneira deliciosa de se viver, uma maneira deliciosa de conseguir coisas”. E, “Não tente usar a técnica de qualquer outro... Apenas descubra a sua própria”.
Cremos que estas palavras, “Não tente usar a técnica de qualquer outro... apenas descubra a sua própria”, são muito importantes para terapeutas que desejam aprender consigo próprios, tal como Erickson.
Terapeutas geralmente aprendem por ensaio e erro as maneiras pelas quais suas personalidades únicas podem ser mais eficientes para ajudar os outros. Isto requer de cada psicoterapeuta, coragem, persistência e honestidade. Pode ser uma tarefa solitária aprender a fazer isto. Quem pode saber melhor do que você, você mesmo, quando você é melhor e mais eficiente para ajudar os outros?
Isto requer cuidado e autorreflexão contínua acerca do que se está fazendo. Não há duas pessoas exatamente iguais.
Duas sessões terapêuticas não podem ser exatamente iguais. Cada sessão terapêutica é uma criação única, uma peça única de Autodesenvolvimento, na gênese de uma nova consciência da própria identidade, no paciente e no terapeuta. Esperamos que nossa empatia, compreensão e eficácia terapêutica cresçam a cada encontro humano dia após dia.
Este ensaio para profissionais licenciados apresenta uma nova perspectiva neurocientífica sobre psicoterapia, hipnose terapêutica e reabilitação através de diálogos extremamente pessoais e criativos com os nossos genes. Embora esta apresentação esteja implícita em muito da investigação que citaremos, será necessário realizar muitas outras pesquisas para estabelecer sua validade científica e eficácia terapêutica. Delineamos uma série de “processos experimentais” como guias heurísticos para o trabalho terapêutico.
Estes não são, todavia, métodos validados para mudança de comportamento, por enquanto. Ao invés, nossas abordagens devem ser consideradas como formas pessoais de autodesenvolvimento nas artes humanísticas, autobiografia, e meditação. Elas podem ser úteis na criação de uma nova consciência, autoconhecimento e autocuidado que são de valor para os indivíduos que as praticam, mas, não são prescrições médicas ou psicológicas para todo mundo.
Nós começamos com uma revisão breve de alguns de nossos enfoques criativos na história das artes, medicina e psicoterapia, assim como na neurociência em evolução.
Vilmar V. Franco
Hipnoterapeuta e Facilitador em Constelações Sistémicas Familiares
Braga - Portugal
Tlm.963535205