Breve introdução aos fundamentos das Constelações Familiares 1

O método das Constelações Familiares se fundamenta sobre a observação e a experiência em relação aos grupos sistêmicos, apresentando-se como uma abordagem fenomenológica.
Utilizada desde séculos anteriores no âmbito das sociedades primitivas e tradicionais, esta abordagem foi essencialmente desenvolvida com este nome de Constelações familiares e divulgada ao público ocidental por Bert Hellinger, professor, filosofo, teólogo, terapeuta e psicólogo, alemão nascido em 1925.

 

O que são os grupos sistêmicos? 2
Todo individuo pertence a vários sistemas, constituídos de subsistemas, em interação constante uns com os outros. Cada sistema funciona como uma entidade atraindo com motivações, prioridades, papéis, necessidades, valores, histórias e até estados de alma que lhe são próprios. Ex: individuo, família, comunidade, bairro ou freguesia, concelho, estado, região, país, continente, oriente, ocidente, humanidade.

O primeiro e o mais importante é o grupo familiar.
Cada sistema tem o seu potencial de energia e o que o afeta implica certo desgaste. Um sistema enfraquecido, não podendo funcionar normalmente, desenvolverá então sintomas
Patológicos no nível dos elementos que o compõem.

O que é a abordagem sistêmica das Constelações Familiares?
Este método coloca em evidência as forças, muitas vezes
Inconscientes, que regem e mobilizam os grupos. De fato, à partir do momento em que pessoas se agrupam em família, passa a funcionar um código de ressonância morfogenético que se impõe.
A transgressão deste código fere a consciência grupal que sempre prevalecerá sobre a consciência pessoal e provocará inevitavelmente um tipo de problema. Todos os sistemas obedecem a um mesmo conjunto de princípios.

Quais são os princípios sistêmicos?
Existem três princípios superiores que influenciam todos os demais chamados de Ordens do Amor: o princípio de pertencimento significa que toda pessoa integrante de um sistema qualquer não pode sob nenhum pretexto ser excluída. O direito de pertencer a ele é inalienável. A exclusão afetará não somente os membros atuais, mas também os descendentes.
O princípio de hierarquia-precedência lembra que existe uma ordem de chegada e cada pessoa possui o seu lugar específico, isto é, ninguém pode ocupar o lugar de outro.
Princípio de equilíbrio entre dar e receber representa uma norma de justiça e de equidade. Quando não podemos retribuir diretamente tudo o que recebemos, por exemplo, dos pais, podemos fazê-lo indiretamente, ajudando nossos próprios filhos ou
servindo a uma causa nobre humanitária.

Terapia Breve
Este trabalho, com uma abordagem terapêutica breve potente e eficiente, enfoca os problemas do indivíduo do ponto de vista sistêmico com eficácia.
Normalmente pensamos que o que nos acontece hoje é só de nossa responsabilidade atual, de nossa culpa ou consequência de um passado pessoal. Porém, quando fazemos algo que na realidade não desejamos nem tínhamos a intenção de fazer ou quando deixamos de realizar ou agir como tanto gostaríamos representamos para bem e para o mau relações sem conclusões, as constelações familiares e as representações nos mostram que isto em geral está ligado à influência de outros membros antecessores de nosso sistema familiar, em função do que eles fizeram ou deixaram de fazer. Às vezes, são antepassados que nem conhecemos mas, no âmbito das representações sistêmicas, chamamos esta ligação de emaranhamento.
É difícil observar estas influências de maneira direta no âmbito do quadro familiar sem um olhar terapêutico. Porém elas podem ser a causa de doenças corporais graves como o câncer, distúrbios psicológicos como as depressões, ansiedades, tabagismo ou alcoolismo bem como acidentes, fracassos ou dificuldades repetitivos na vida profissional.
As constelações familiares representam um método que torna visíveis estas forças invisíveis, permitindo encontrar e escolher uma solução adequada ou não aos problemas afetivos, psicológicos, profissionais ou de saúde.
Este trabalho se desenvolve em duas etapas. A primeira consiste em desvelar estas influências que trás o cliente no âmbito de seu sistema familiar; a segunda em achar uma melhor solução sugerida ao problema trazido pelo cliente.

1 Este resumo foi elaborado à partir de diversos textos sobre Constelações Familiares publicados pela “Université Libre” do Samadeva na França, em especial aqueles do no 25 da revista “Science de la Conscience” (2007).
2 Cf. A teoria sobre os campos morfogenéticos de R. Sheldrake
Agradeço todos os que transmitiram a prática das Constelações Familiares, e em particular, Bert Hellinger, Idris Lahore, Maria Izabel Rodrigues, que foram e ainda são meus professores. No percurso e na busca de Bert Hellinger de enriquecer suas inclinações religiosas de ensinar e ajudar pessoas, até o coroamento de seu método terapêutico, diferentes abordagens deram suas contribuições ou influenciaram seus caminhos:

  • O contato com as culturas africanas, especialmente a comunidade Zulu, despertou a consciência da condição humana de obediência às forças da Natureza que atuam na família;
  • A Dinâmica de Grupos dos Anglicanos contribuiu com o diálogo, com a orientação dialógica/fenomenológica e com a valorização da experiência humana individual;
  • A Psicanálise de Freud e de outros adicionaram uma aguda percepção de símbolos e dos processos de transferência e contratransferência;
  • A Terapia do Grito Primal de Janov trouxe o elemento da percepção das experiências corporais para sua abordagem;
  • A Gestalt Terapia de Fritz Perls, que conheceu com Ruth Cohen e Hilarion Petzold;
  • A Análise Transacional de Eric Bern, que estudou com Fanita English, trouxe-lhe a consciência dos scripts e padrões repetitivos transgeracionais que reconhecemos nas vidas das famílias;
  • As Ordens do Amor do húngaro Ivan Boszormenyi-Nagy, criador da Psicoterapia Contextual, sobre as lealdades ocultas e a necessidade de equilíbrio entre o dar e o receber nas famílias e as frases curativas que introduziu nas Constelações;
  • A Terapia Familiar Sistêmica com Ruth McClendon e Leslie Kadis, onde conheceu as origens das Constelações Familiares que desenvolveria adiante com suas riquíssimas contribuições;
  • O Triângulo Perverso, artigo sobre o assunto de Jay Haley despertou-o para a importância da hierarquia nas famílias;
  • A Terapia Familiar com Thea Schönfelder;
  • A Hipnoterapia Ericksoniana onde desenvolveu sua grande percepção da linguagem não-verbal e suas habilidades de elaborar metáforas e contar histórias;
  • A Programação Neurolinguística contribuiu várias técnicas efetivas de mudança de comportamentos e com seu foco terapêutico em soluções em vez de problemas;
  • A Terapia Provocativa de Frank Farelli;
  • A Terapia do Abraço Forte de Irena Precop;

Ainda, o amor germânico pela música, a ópera de Wagner e a filosofia de Martin Heidegger não podem ser esquecidas nesse mosaico de influências que deram origem ao método.

As maiores contribuições de Bert Hellinger nos primeiros anos das Constelações Sistêmicas consistiram não na criação de algo completamente novo mas, sim, na integração de várias abordagens que talvez nunca convergissem juntas caso ele não fizesse tal síntese elegante.

Os desdobramentos atuais, fortemente impulsionados pelo desenvolvimento de sua sensibilidade fenomenológica e pelo gigantesco repertório de experiências e casos desde seu início, são uma obra de grande genialidade, mesmo levando em conta as incontáveis contribuições de seus alunos e seguidores. Hoje como muitas outras doutrinas terapêuticas, os anos e as distintas gerações de profissionais, criaram diferentes linhagens de trabalho, algumas até mesmo dissidentes do trabalho original de B. Hellinger.